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Tudo o que você precisa saber sobre a crise da Americanas

Após sofrer forte impacto nas receitas por conta da pandemia da Covid-19, o setor varejista iniciou 2023 com grande expectativa de recuperação. Apesar da movimentação positiva que o segmento gerou recentemente, as notícias do primeiro mês do ano não são otimistas. Isso porque, a crise da Americanas acendeu um grande alerta no mercado. 

A companhia, uma das maiores no ramo, divulgou recentemente a descoberta de inconsistências contábeis, com dados apurados de anos anteriores, incluindo 2022. Com isso, as informações divulgadas geraram muitas preocupações aos empresários e investidores.  

No dia 11 de janeiro, ao final da tarde, os portais de notícias revelavam ao público um rombo na Americanas de aproximadamente R$20 bilhões de reais. O valor, consideravelmente alto, pegou os consumidores, fornecedores e credores de surpresa. Certamente, ninguém imaginava que uma empresa tão consolidada e forte no mercado poderia estar vivendo uma situação tão complicada. 

A princípio, a declaração do valor veio à tona com a renúncia do CEO Sérgio Rial, e do diretor de relações com investidores, André Covre, após 10 dias de assumirem as posições. Para espanto ainda maior, pouco depois do ocorrido, a Americanas informou que o valor apurado das inconsistências era, na verdade, de aproximadamente R$43 bilhões de reais.  

O que provocou a crise da Americanas? 

Antes de tudo, é importante entender a operação realizada pela Americanas que, inicialmente, foi apontada como um dos principais motivos que levou a essa situação.   

O “risco sacado”, mais conhecido como “forfait”, é uma prática comum no varejo, que consiste basicamente em obter financiamento perante algum banco para aquisição de material de fornecedores.  

Logo, pode ser considerada uma espécie de antecipação de recebíveis, em que o varejista passa a ter uma dívida com o banco, com possibilidade de prorrogação do pagamento sob incidência de juros. 

Dessa maneira, a empresa possui um prazo maior para liquidar o débito com a instituição financeira e o fornecedor pode receber o pagamento dentro do período acordado. 

Nesse sentido, a Americanas costumava executar esse procedimento com frequência. No entanto, o problema da companhia foi não reportar devidamente essas ações no balanço contábil durante muitos anos, o que gerou essa incongruência.  

No caso, a operação era registrada como dívida com fornecedores, manobra essa que não sofre incidência de juros. Desse modo, ao longo dos anos, houve o acúmulo desses juros não contabilizados e, com isso, foi totalizado os 43 bilhões de reais que causaram a crise da Americanas

O processo de descoberta do déficit financeiro 

Sérgio Rial e André Covre foram designados para assumirem a gigante varejista com foco nos desafios de 2023. Naturalmente, os novos dirigentes conversaram com diretores da companhia e, por meio dessas trocas de informações, detectaram o rombo no balanço contábil

Pelo LinkedIn, o executivo se pronunciou sobre os diálogos que precederam a descoberta: “nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre”. 

Diante desse cenário, muitas especulações foram criadas em relação ao conhecimento dessa dívida por parte dos diretores, já que pouco tempo antes do problema se tornar público, foram vendidos mais de R$210 milhões em ações da empresa

Com mais de 16 mil credores, entre eles bancos e grandes empresários, a Americanas possui três acionistas de referência, em que, juntos, possuem 40% da companhia. Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira são os homens mais ricos do Brasil e possuem essa grande parcela de ações da varejista. 

Outro fato relevante nesse contexto, que por enquanto não foi encontrada uma relação direta com essa crise da Americanas, é a distribuição de dividendos realizada pela companhia ano passado.  

Somente em 2022, conforme um levantamento feito pela consultoria TradeMap, foram partilhados mais de R$2 bilhões em dividendos entre os acionistas da empresa. O montante representa um valor muito superior ao distribuído pelas concorrentes no mercado, chegando a ser o dobro. 

*Sugestão de gráfico: 

Quando a crise da Americanas se iniciou, houve uma queda de 77% no valor das ações da organização. Frente a essa circunstância, os três acionistas se pronunciaram, por meio de uma nota, alegando que não estavam cientes da condição atual da empresa e que obtiveram grande prejuízo com a situação. 

Recuperação judicial 

Sem outra alternativa, a Americanas entrou com o pedido de recuperação judicial e informou, na solicitação, o montante de R$43 bilhões em dívidas. Com isso, Paulo Assed, juiz da 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, acatou a petição. 

Para entender melhor, esse processo é realizado com o intuito de assegurar que a companhia permaneça ativa e em plena atividade, sem o risco de quebrar. Por meio da recuperação judicial, a Americanas pode permanecer por 180 dias sem receber cobrança dos credores. 

Desse modo, com esse fôlego, a empresa tem tempo para negociar os débitos com os bancos e traçar um plano de recuperação.  

A crise da Americanas tomou uma proporção tão elevada que, para se ter ideia da situação delicada da companhia, a recuperação judicial solicitada pela empresa é a 4ª maior já realizada no país. 

Como esse quadro pode abalar o mercado de varejo 

Com faturamento de R$5,4 bilhões em 2022 e cerca de 40 mil colaboradores, a Americanas possui um dos maiores marketplaces do país, com alcance de aproximadamente 50 milhões de consumidores.  

Devido à gravidade da situação, com a possibilidade da crise da Americanas afetar os parceiros comerciais da companhia e os consumidores do setor varejista, alguns órgãos de proteção se manifestaram em favor da comunidade. 

Além da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) também atuou perante o caso e exigiu que a empresa explicasse os impactos da crise para os consumidores

De imediato, a situação causou um aumento significativo no preço dos produtos, pois muitos lojistas tiveram receio de serem prejudicamos financeiramente. Entretanto, a própria varejista comunicou que os pagamentos seriam repassados sem impedimentos, já que devido à recuperação judicial, os revendedores estariam assegurados. 

Um dos pontos mais preocupantes em relação ao momento vivido pela Americanas é o risco de que muitos colaboradores percam seus empregos, visto que nessas condições, as empresas costumam reduzir gastos para que possam se reerguer. 

Por conta dessa diminuição de gastos, que certamente deve ocorrer em breve, muitos pontos de venda físicos podem ser fechados, gerando assim reflexos negativos para funcionários e locadores. 

Existe também, em torno da Americanas, um conglomerado de empresas afetadas por essa crise, mesmo que indiretamente, pois são credoras da organização.  

Nesse sentido, diversos fundos de investimentos têm esse vínculo com a companhia, sem contar as pequenas operações de investimento que também estão envolvidas, totalizando, então, cerca de 140 mil investidores na marca. 

Ainda é incerto o futuro de uma das maiores varejistas do país. Contudo, há a expectativa de que a Americanas consiga criar e cumprir acordos comerciais para contornar essa situação. Sendo assim, o varejo espera a recuperação de uma grande marca que agrega muito valor ao setor, gera milhares de empregos e acrescenta à economia brasileira.  

Em face desse cenário, a APIECOMM é a parceira ideal para garantir que o seu negócio não seja fortemente impactado diante de momentos atípicos como esse. 

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